sexta-feira, 10 de abril de 2020

O amor desinteressado

O amor desinteressado por Renato Cardoso

"Pense naqueles que você ama: cave profundamente e verá que não ama eles. Você ama as sensações agradáveis que esse amor produz em você. Você ama o desejo, não o desejado". (Nietzche)

Na minha opinião Nietzche foi raso e errou nessa. 

Ora, amar uma sensação é um pensamento comum a qualquer um. Até sem pensar em ninguém dá pra se amar uma sensação ou emoção. Mas quando eu associo isso a uma pessoa, passo a amar a característica que somente ela pode oferecer e só ela produzir. Logo, o amor passa a ser uma identidade daquele(a), produzido único e exclusivamente por aquela pessoa. É por isso que não é correto dizer que amo a sensação e não a pessoa, visto que é único, intransferível e somente aquela pode transmiti-lo a mim. É como uma fusão. Tornou-se um. Não há como desassociar isto da pessoa porque faz parte dela. 

Os tipos de sentimentos que cada um proporciona são diferentes. O amor de minha mãe, só ela pode me dar. Logo não é a mesma coisa que qualquer outro amor ou que falar que amo a sensação do amor. O amor da minha esposa é único e é diferente do amor que sinto pela minha mãe. Eu amo hambúrgueres do Mc Donald's, mas não os hambúrgueres do Madero. E lá vem a pergunta: Não é tudo hambúrguer e não provocam a mesma sensação? Não. Definitivamente não.

Também não é certo associar o amor a um sentimento individual ou recíproco (eu só amo aquilo que me dá sensações, aquilo que me convém ou o que me proporciona bem estar) pois é perfeitamente normal e possível amar sem esperar algo em troca. Amar sem receber nada de volta é mais comum do que se imagina. E se você falar que a pessoa ama a sensação do "nada" ou lá no íntimo espera a reciprocidade já é mera especulação. E também loucura.

O amor de Nietzche é o amor interessado. O amor egoísta. O amor em minúsculo. O amor que ama enquanto lhe dá algum prazer. É um amor fugaz, pois se extingue logo.

Pense no amor de Deus, pois Deus é Amor. Amor maiúsculo.

Certa vez perguntou um autor a si mesmo: "Por que Deus criou o homem"? Muitos pensam que Deus criou o homem para que o homem possa amá-lo, mas não é verdade. O que o homem poderia dar a Deus que Deus já não tenha sem o homem? Deus criou o homem para que Ele (Deus) possa amá-lo. Deus criou o homem para amar o homem mesmo que este não queira.

Mesmo que eu não queira e não aceite, Deus me ama. Simples assim. E por que? por que o Amor de Deus é fonte de criação. Deus não poderia fazer diferente disso pois é da natureza do Amor se expandir e criar.

Veja as passagens bíblicas:

João III, 16;

Lucas X, 25-47;

1Cor XIII, 1-13;

O amor de Deus pelo homem é desinteressado. Veja a Parábola do "Bom Samaritano". Veja o hino à caridade de São Paulo; O amor de Deus é libertador. Veja o sacrifício de Jesus na Cruz;

É este Amor que nós somos chamados a exercitar.

Gostar muito não é amar. Amar é outra coisa. Amar é coisa de Deus. Quem ama só ama porque tem Deus nele. Aquele que verdadeiramente ama, nasceu de Deus. Gostou deste texto? Deixe sua gorjeta!
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